O dia a dia pode ser um pouco estressante e alguns momentos até causam certa ansiedade, mas isso não pode virar rotina, uma vez que essas duas condições podem acabar impactando negativamente na saúde da pele e do cabelo, além de impactar negativamente no sono e no sistema imunológico.
Abaixo, a Dra. Cintia Guedes, médica dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica como o alto nível de estresse e ansiedade pode acabar impactando em diferentes pontos da nossa saúde. “O excesso de cortisol na corrente sanguínea libera algumas substâncias inflamatórias que danificam a pele e os cabelos. Isso também causa queda na imunidade e torna o corpo mais vulnerável a infecções e outros problemas”, explica ela.
Problemas no couro cabeludo e queda de cabelo: “O organismo, ao passar por uma situação de estresse por um determinado período, acaba por liberar cortisol em conjunto com outros hormônios, pois essa é a forma como o corpo busca de se proteger daquilo que lhe causa incômodo. No entanto, a constante liberação de hormônios afeta o organismo, que não consegue mais controlar o nível de substâncias químicas no sangue. Dessa forma, os hormônios alteram os folículos capilares e estes entram na fase telógena, que corresponde à fase da queda do fio”, diz a médica.
Acne: “Em mais um caso, o cortisol em excesso acaba estimulando os hormônios androgênios e se acionando às glândulas sebáceas, que liberam óleos na pele entupindo os poros e causando espinhas e cravos. Além disso, esse excesso de queratina na pele alimenta as bactérias e, como o estresse diminui a nossa imunidade (e as bactérias do bem que habitam a pele), acaba ocorrendo uma proliferação maior das bactérias relacionadas com a acne”, explica a médica Dra. Cintia.
Alergias: Urticária, psoríase, dermatite seborreica, são “apenas” alguns dos problemas que podem ser desencadeados pelo estresse emocional. “A urticária nervosa pode trazer sintomas como coceira intensa em todo o corpo. Estes sintomas acontecem em pessoas que já possuem predisposição para a urticária, e o estresse emocional acaba por exacerbar a situação. Já a psoríase, se manifesta por lesões na pele através de placas vermelhas que descamam. A doença pode atingir o couro cabeludo, joelhos e cotovelos. Na maioria das vezes causa muita coceira, que podem ser tão intensas a ponto de sangrar”, explica. Quanto à dermatite seborreica, segundo a médica, são lesões descamativas que podem atingir o couro cabeludo e o rosto, principalmente na zona T (região que compreende a testa, o nariz e o queixo). Elas aparecem na forma de vermelhidão com ou sem coceira. No couro é a popular caspa.
Pele mais frágil: Você sabia que o alto nível de estresse pode deixar a pele mais fina e frágil. Isso porque, o temido cortisol resulta na quebra das proteínas dérmicas, o que pode fazer com que a pele fique extremamente vulnerável.
Prejuízo da cicatrização: A médica explica que o estresse e a ansiedade podem tornar mais difícil a cicatrização de ferimentos, já que mudanças no nível de cortisol influenciam na rapidez com que as feridas cicatrizam.
Olheiras: As noites mal dormidas resultam no combo: cansaço, sono e fadiga, trazendo como resultado as temidas olheiras inchadas e até com manchas escuras. “O estresse e a ansiedade provocam a produção de cortisol, hormônio que compromete o sistema imunológico e inflama as células, além de prejudicar a produção de colágeno e diminuir a hidratação. Também é muito comum que pessoas com tais problemas emocionais sofram de insônia, que, como sabemos, também tem relação com a piora das olheiras”, complementa.
Linhas finas e rugas: “O estresse e a ansiedade prejudicam as células da pele e seu processo de renovação, já que encurtam os telômeros (capas protetoras dos cromossomos que têm como função preservar o DNA). A consequência disso é a aceleração do envelhecimento”.
E como evitar esses problemas? Segundo a dermatologista, “basicamente” controlando o estresse, seguindo hábitos mais saudáveis e equilibrados na rotina. “Pratique uma alimentação saudável e balanceada, aumente a ingestão de líquidos e a prática de exercícios físicos, com o intuito de trazer relaxamento e bem-estar – além de melhorar o sono. Em todo caso, o acompanhamento profissional é indispensável, tanto com um profissional que cuide da saúde mental quanto com o que trata as ocorrências dermatológicas”, finaliza a Dra. Cintia.