Olá!

Vou contar para vocês que essa semana estou realizando um sonho. Tentem adivinhar onde estou!?! Vamos às dicas. Europa. Mês de outubro. Outono. Temperatura entre 5 e -5 graus Celsius. Faz frio. Estou perto do Círculo Polar Ártico. A neve já começa a dar o ar de sua graça. Os trenós estão sendo preparados para entrar em ação puxados por renas ou por cães Husky Siberianos. Papai Noel já trabalha dia e noite para dar conta das cartinhas que recebe do mundo todo. Urso polar tem por aqui. Salmão é servido em quase todas as refeições. Adivinharam? Mais algumas pistas. A capital é Helsinki. A moeda é o euro. Idiomas oficiais são dois: finlandês e sueco. Faz fronteira com a Noruega, Suécia e Rússia. Pois é! Estou na Finlândia atrás da tão sonhada aurora boreal. Se vocês acompanharem meu Instagram @BlogViajarPeloMundo vão ver como estou feliz na Lapônia.

CAÇANDO AURORA BOREAL colaboradora viagem camila coelho7

O que me trouxe para um lugar tão distante do Brasil e tão frio foram as luzes dançantes da aurora boreal. Vou explicar melhor. Aurora boreal é um dos fenômenos mais espetaculares da natureza e só acontece nas regiões polares do planeta. Por isso, o frio faz parte do contexto. Luzes verdes, rosas e roxas dançam no céu escuro quando elétrons vindos em alta velocidade com os ventos solares atingem campos magnéticos da Terra. Esse choque entre as moléculas produz um verdadeiro show. É de arrepiar. Lindo demais!!!!! Em uma semana consegui ver a aurora boreal duas vezes. Tive muita sorte! Na Finlândia, as melhores épocas para se ver são os meses de setembro a dezembro e de fevereiro a abril, na região conhecida como Lapônia, acima do Círculo Polar Ártico.

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Vou contar toda a viagem. Cheguei na Finlândia num voo da KLM, Rio-Helsinki. Aproveitei para ficar 3 dias conhecendo a tranquila capital. Fiquei hospedada no delicioso hotel-design Klaus K. Um charme! Quarto super bacana e a alguns passos das melhores atrações da cidade. Recomendo! Aliás, a Finlândia tem muita tradição em design, como todos os países da Península Escandinava, o hotel fica exatamente no Design District.

Em Helsinki vale a pena circular pela Praça do Senado onde fica a Catedral Luterana, o Palácio do Governo, a Biblioteca Nacional e a Universidade de Helsinki. A seguir, faça uma pausa e sente no tradicional Café Engel para um chá ou café tendo a belíssima catedral branca como pano de fundo.

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Dali, siga até o porto. É a área mais animada e interessante da cidade, cheia de barcos vendendo seus produtos frescos. Vale experimentar um salmão grelhado (ou algum outro peixe da região) feito na hora, nas barracas do porto. Depois, pegue um ferry para visitar a Fortaleza Suomenlinna, um local histórico tombado pela UNESCO. Uma volta completa pela ilha leva ao redor de duas horas para percorrer a fortaleza toda e as sepulturas vikings. Então, pegue o ferry para retornar a Helsinki e não deixe de visitar a catedral ortodoxa Uspenski, também na região do porto.

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Para jantar recomendo dois restaurantes legais: o asiático Gaijin com indicação Michelin e o italiano gostosinho Toscanini. Os dois pertinho do hotel, pois com o frio polar da cidade, quanto mais perto melhor!

No terceiro dia, fui até a fofíssima Porvoo que fica a 50 quilômetros de Helsinki. Ela é a segunda cidade mais antiga do país, depois de Turku. Dá para percorrer seu centro histórico a pé em duas horas, pois é muito pequeno. Casinhas coloridas que lembram casas de boneca sobem pela colina. Na beira do rio, antigos armazéns vermelhos continuam contando a história desse povoado que parece ter parado no tempo. Vale um bate-e-volta a partir de Helsinki. Dá para ir de carro, ônibus e no verão, barco.

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De Helsinki fiz outro voo de menos de uma hora rumo a tão almejada aurora boreal. Dessa vez de Finnair, uma companhia aérea finlandesa. Desci em Ivalo, onde aluguei um carro que devolvi em Rovaniemi, depois de rodar 2 mil quilômetros pelas estradas quase desertas do norte da Finlândia.

Escolhi essas duas cidades-bases para explorar a região em busca das luzes dançantes (Ivalo e Rovaniemi). Em Ivalo, mais exatamente no vilarejo de Saariselka, fiquei hospedada no hotel-iglu Kakslauttanen (que sinceramente esperava mais). Os iglus são super apertados, alguns nem tem banheiro (é preciso tomar banho na sauna, um hábito totalmente finlandês) e pasmem… não tem serviço de quarto. Ai! Depois do segundo dia sem que ninguém aparecesse para trocar as toalhas e arrumar o quarto, solicitei o serviço ao hotel que informou que seria cobrada uma taxa extra por ser um serviço terceirizado. OK. Viajando e aprendendo. Cada cultura com suas particularidades.

Para ver a aurora boreal é preciso contar com a sorte e ter paciência. É uma viagem diferente. Não dá para ficar apenas uma noite na cidade e ir embora. Você precisa ficar algumas noites para tentar ver o show de luzes e mesmo assim pode sair frustrado. Mas, esse não foi o meu caso. Na primeira noite… bingo! As “luzes do norte” deram seu primeiro espetáculo. Foi inesquecível! Na escuridão total, no meio de uma floresta, o carro parou e meus olhos não conseguiam descolar do céu. Os desenhos iam se modificando num ritmo acelerado, em tons de verde e roxo. E eu ali. Boquiaberta. Paralisada! Com o queixo caído!!! É um momento tão especial que recebe nomes como “Asas dos Anjos”, “Manto de Nossa Senhora” ou “Vento do Espírito Santo”. Realmente mágico. As fotos não são fiéis ao que os olhos vêem. Ao vivo é muito mais bonito.

Nas duas noites seguintes, ela sumiu. Preenchi os dias com passeios pelas fazendas de renas, criações de husky siberianos, vilarejos sami (tribos nativas) e caminhadas pelos parques nacionais entre florestas e lagos. Um cenário deslumbrante. Para ir de um lugar para outro é preciso percorrer muito chão. Tudo é distante e deserto. Daí os 2 mil quilômetros rodados em uma semana. Quanto mais ao norte, menor é a população por causa do frio. Você chega a rodar 20 quilômetros sem encontrar ninguém. Há poucas opções inclusive de locais para comer.

De Saariselka o próximo destino para pleitear a sonhada aurora boreal era Rovaniemi, uma cidade plantada exatamente na linha do Círculo Polar Ártico. A terra do Papai Noel. Escolhi pela internet o hotel-boutique Arctic Light. Escolha acertada. Hotel novinho. Perfeito em todos os detalhes. Quartos charmosíssimos. Café da manhã delicioso. Serviço delicado. Na primeira noite, a aurora não apareceu. Foi o dia de visitar a Vila do Papai Noel, o Museu Arktikum, conhecer o centrinho da pequena cidade e jantar no restaurante de comida típica da Finlândia Nili, que tem no cardápio salmão e rena. Já , na segunda noite, os alertas de aurora foram aos poucos aumentando (é preciso baixar algum aplicativo relativo a #northernlights para saber a probabilidade do fenômeno acontecer no local onde você se encontra e arredores) e quando olhei para o céu lá estava ela acenando com seus desenhos esverdeados. Meus olhos mal conseguiam acreditar na beleza do que viam. Foi uma aurora bastante forte. Inexplicável a sensação. Uma benção ter a chance de presenciar um dos fenômenos mais sensacionais da natureza. Só tenho a agradecer a generosidade com que a vida tem me paparicado.

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E assim, volto para casa muito feliz depois de passar dias inesquecíveis na Finlândia.

Desejo muitas luzes dançantes para todas vocês.

Beijos e até a próxima semana.

Claudia Liechavicius

Escrito por Editorial Team